29 abril 2006

Educação social é educar para o coletivo, no coletivo, com o coletivo.Uma tarefa que pressupõe um projeto social compartilhado, em que vários atores concorrem para o desenvolvimento e fortalecimento da identidade pessoal, cultural e social de cada indivíduo.Educar não é um ato ingênuo. É um ato histórico, cultural, social, psicológico, afetivo, existencial e, acima de tudo, político, pois, numa sociedade estratificada como esta em que vivemos, nenhuma ação é simplesmente neutra, sem consciência de seus propósitos.Nossa proposta de educação social implica uma nova forma de se relacionar. Estabelece uma visão dialética do mundo, em que individual e coletivo são fiéis da mesma balança.O conjunto é formado por partes. E as partes trazem em si a essência do todo.Os seres se relacionam em interdependência, assumindo sua incompletude. Para cada novo projeto de vida é necessário firmar parcerias, definir co-responsabilidades.A educação acontece, assim, a partir da “construção coletiva”, expressão que traz em si mesma os sentidos de parceria e processo. Sempre que pensarmos em ações para a construção coletiva, estaremos supondo, no mínimo, duas pessoas trabalhando com um mesmo objetivo. Estaremos supondo também um projeto cumprido em etapas, com metas intermediárias renováveis e mutáveis, por necessidade e/ou influência de cada um dos atores e circunstâncias. Graças à ajuda recíproca, os parceiros podem mostrar-se progressivamente competentes e autônomos na resolução de tarefas, na utilização de conceitos e na prática de determinadas atitudes.O motor dessa construção está no sentido atribuído a ela pelos indivíduos. Em torno de dada tarefa é preciso que se estabeleçam motivos, desejos, afetos e relacionamentos. Os indivíduos se transformam na medida em que podem construir significados pessoais para seus conceitos e atitudes.

Paulo Freire

in http://www.artesaude.org.br/educacaosocial.htm

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