09 março 2006

Educação social para quem?

Quem precisa ser educado socialmente? Qual o objetivo de um educador social quando realiza seu trabalho?
Comumente ouvimos que a educação social é dirigida às populações marginalizadas, excluídas, em risco ou vulneráveis. Seguindo este raciocínio, chegaríamos à conclusão de que tal educação teria como meta a inclusão social em si, na sociedade tal como ela se encontra - aqueles que são excluídos devem ser educados de tal maneira que se incluam.
Mas, e os já ditos incluídos? Não precisam eles também de educação social? Uma sociedade que cria, como parte de si, uma população excluída, a meu ver precisa educar-se como um todo. A exclusão não é uma entidade teórica e incorpórea. Ela é real, concreta, cotidiana e também simbólica. Ela é atuada por gente de carne e osso, todos os dias, através de seus corpos, crenças e sentimentos.
Muitas vezes, quem exclui tem pouca consciência de sua ação. Exclui e no instante seguinte é capaz de reclamar aos quatro ventos o quanto a “sociedade” exclui. A sociedade somos cada um de nós. Se há exclusão, é porque há pessoas que excluem. Se há falta de integração, é porque há pessoas que não se integram socialmente. Incluir também se aprende. Integração é um movimento que só se realiza se há harmonia entre todas as partes.
Alguns podem perguntar: mas como fazer isso? E eu responderia: se eu soubesse como fazer, eu faria, e você aprenderia comigo sem que eu precisasse ensiná-lo com qualquer tipo de relação que não a do exercício da convivência social. Educação social se pratica convivendo socialmente (ando chegando a esta óbvia hipótese). Pular se pratica pulando, jogar se pratica jogando, conviver se pratica convivendo, oras! Agora, perguntemo-nos: convivemos?

Novembro 2000
Betina Leme

Psicóloga e coordenadora do Projeto Fique Vivo


in http://www.projetoquixote.epm.br/boletim/proedu/09.htm

Sem comentários: